domingo, 11 de abril de 2010

"Folhas de Rosa"


Todas as prendas que me deste, 
um dia, 
Guardei-as, meu encanto, quase a medo, 
E quando a noite espreita o pôr-do-sol, 
Eu vou falar com elas em segredo ...  
E falo-lhes d'amores e de ilusões, 
 
Choro e rio com elas, mansamente... 
Pouco a pouco o perfume do outrora 
Flutua em volta delas, docemente ...  
Pelo copinho de cristal e prata 
 
Bebo uma saudade estranha e vaga, 
Uma saudade imensa e infinita 
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga  
O espelho de prata cinzelada, 
 
A doce oferta que eu amava tanto, 
Que reflectia outrora tantos risos, 
E agora reflecte apenas pranto,  
E o colar de pedras preciosas, 
 
De lágrimas e estrelas constelado, 
Resumem em seus brilhos o que tenho 
De vago e de feliz no meu passado...  
Mas de todas as prendas, a mais 
rara, 
Aquela que mais fala à fantasia, 
São as folhas daquela rosa branca 
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia... 
 
Reinaldo Tavares

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